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sábado, 6 de fevereiro de 2016

Degustação de Vinho



- Hummm...

- Hummm...

- Eca!!!

- Eca?!

Quem falou Eca?

- Fui eu, sô!

O senhor num acha que esse vinho tá com um gostim estranho?

- Que é isso?!

Ele lembra frutas secas adamascadas, com leve toque de trufas brancas, revelando um retrogosto persistente, mas sutil, que enevoa as papilas de lembranças tropicais atávicas...

- Putaquepariu sô!

E o senhor cheirou isso tudo aí no copo ?!

- Claro! Sou um enólogo laureado.

E o senhor?

- Cebesta, eu não!

Sou isso não senhor !!

Mas que isso aqui tá me cheirando iguarzinho à minha egüinha Gertrudes depois da chuva, lá isso tá!

- Ai, que heresia!

Valei-me São Mouton Rothschild!

- O senhor me desculpe, mas eu vi o senhor sacudindo o copo e enfiando o narigão lá dentro.

O senhor tá gripado, é ?

- Não, meu amigo, são técnicas internacionais de degustação entende?

Caso queira, posso ser seu mestre na arte enológica.

O senhor aprenderá como segurar a garrafa, sacar a rolha, escolher a taça, deitar o vinho e, então...

- E intão moiá o biscoito, né?

Tô fora, seu frutinha adamascada!

- O querido não entendeu.

O que eu quero é introduzi-lo no...

- Mais num vai introduzi mais é nunca!

Desafasta, coisa ruim!

- Calma! O senhor precisa conhecer nosso grupo de degustação.

Hoje, por exemplo, vamos apreciar uns franceses jovens...

- Hã-hã...

Eu sabia que tinha francês nessa história lazarenta...

- O senhor poderia começar com um Beaujolais!

- Num beijo lê, nem beijo lá!

Eu sô é home, safardana!

- Então, que tal um mais encorpado?

- Óia lá, ocê tá brincano com fogo...

- Ou, então, um suave fresco!

- Seu moço, tome tento, que a minha mão já tá coçando de vontade de meter um tapa na sua cara desavergonhada!

- Já sei: iniciemos com um brut, curto e duro.

O senhor vai gostar!

- Num vô não, fio de um cão! Mas num vô, messs!

Num é questão de tamanho e firmeza, não, seu fióte de brabuleta.

Meu negócio é outro, qui inté rima com brabuleta...

- Então, vejamos, que tal um aveludado e escorregadio?

- E que tal a mão no pédovido, hein, seu fióte de Belzebu?

- Pra que esse nervosismo todo?

Já sei, o senhor prefere um duro e macio, acertei?

- Eu é qui vô acertá um tapão nas suas venta, cão sarnento!

Engulidô de rôia!

- Mole e redondo, com bouquet forte?

- Agora, ocê pulô o corguim!

E é um... e é dois... e é treis!

Num corre, não, fiodaputa!

Vorta aqui que eu te arrebento, sua bicha fedorenta!...

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